[OPINIÃO] Para quê ter uma empresa? By Nuno Carvalho

Ter uma empresa, não deve ser encarado como uma moda, ou capricho, mas sim como algo muito sério que traz mais trabalho e responsabilidade.

Como é hábito comentar, quem está dentro do circulo quer sair, e quem está fora quer entrar. Isto é o que acontece por vezes quando somos colaboradores de uma empresa e queremos montar a nossa própria empresa, e o mesmo, às vezes acaba por acontecer ao contrário, quando as coisas não correm tão bem, ou quando a responsabilidade já começa a pesar.

Mas afinal, porque queremos ter uma empresa? Os motivos são vários, desde aquele que é empreendedor e que não se vê a trabalhar para outros, mas sim a gerir o seu próprio negócio, àquele que teve uma oportunidade na vida e que de repente se viu como empreendedor sem estar à espera, e até dando um passo tímido nessa direcção, ou mesmo aquele que está farto de trabalhar para outros, e que acaba por montar o seu próprio negócio apenas para não ter de aturar o seu chefe e poder fazer o que quer.[/font]

Ter uma empresa, não deve ser tratado como uma moda, ou capricho, mas sim como algo muito sério que traz mais trabalho e responsabilidade. Só quem as tem, sabe o que digo, porque quem não as tem, pensa que é fácil e que traz uma boa vida.

Mas se a responsabilidade é tanta, e o trabalho parece nunca ter fim, então para quê ter uma empresa?

Aqui também existem vários motivos, desde o ponto de vista do desafio pessoal, ao ser genuinamente empreendedor, mas gostava de realçar aqueles que devem ser os aspectos mais importantes quando entramos no círculo do empreendedorismo, e discutir o retorno que uma empresa nos deverá trazer no longo prazo.

Quando somos empreendedores, temos de ter associada a essa característica, uma outra, que é a de ser ambicioso. Um negócio que não cresce o suficiente para valorizar o nosso património, não merece toda a responsabilidade e esforço que anteriormente comentava.

Em primeiro lugar temos de ter visão para fazer o negócio crescer. Um exemplo claro e que serve para explicar que qualquer negócio pode crescer, é o da antiga mercearia que no passado era gerida pela família e que tipicamente não passava de uma pequena loja no bairro onde viviam.

Hoje esse conceito expandiu-se ao mini-mercado e super-mercado, com lojas por todo o país. Quero dizer com isto que um merceeiro com visão e ambicioso, poderia ter um património enormemente maior que um outro que não quis sair do seu canto e da sua pequena lojaNote a diferença entre aquele que criou uma cadeia de lojas e aquele que ficou apenas com a sua loja.

Nenhum dos dois irá estar tranquilo quanto ao seu negócio, mas o que criou a cadeia de lojas ficará certamente mais rico que o outro.

Quando se cria um negócio,deve-se pensar em como fazer cresce-lo, e não em como aguenta-lo. Este é um defeito dos empresários portugueses, e que se costuma retratar no país pequeno que somos. Como é hábito dizer, somos pequenos e pensamos pequenino.

Se não aumentamos o nosso negócio, vamos acabar por gerir algo que apenas nos paga o nosso salário, e provavelmente um mau salário, para no fim apenas podermos afirmar que somos empresários. Se assim é, queremos ser empresários para quê? Para sofrer a vida toda e nunca termos a capacidade financeira para uma vida melhor?
Assim o melhor será desfiar a nossa competência e enriquecer por via de posições de topo em grandes organizações.

Se reparar, existem mais ricos em Portugal como trabalhadores por conta de outrem, que empresários ricos. Se fosse ao contrário teríamos 300.000 pessoas ricas em Portugal, o que não me parece ser o caso, e o que vem provar a minha teoria.

Criou-se uma cultura em Portugal de que todos queremos mandar e ter uma empresa, mas realmente essa cultura tem de ser ponderada, porque quando é utilizada em excesso, traz vários problemas: não enriquece, aumenta a concorrência e fragiliza outras empresas mais bem preparadas desprotegendo a economia, traz prejuízos a outros por falta de pagamentos, etc.

Quando pretende entrar no circulo do empreendedorismo, tenha a certeza que quer ser grande, e que quer enriquecer o país, a sua experiência, e a sua situação financeira. Bem sei que não é fácil, mas tente, e não desista à primeira, porque se desistiu então feche e vá enriquecer, em vários sentidos, juntando-se a outros. Atenção, não estou a dizer com isto que não se devam iniciar pequenas empresas, até porque tudo começa pequeno, mas sim ter a certeza que queremos transformar o pequeno naquilo que possa ser suficientemente grande para trazer riqueza ao país e pessoal.

Eu sei do que falo porque já estive dos dois lados. Deixar se ser empresário e voltar a ser trabalhador por conta de outrem, não deve significar uma derrota, mas sim um acto inteligente para si e para o seu país.


Dicas
1. Ou enriquece o seu património com a sua empresa, ou mais vale enriquecer a trabalhar para outros.

2. Ser grande não significa ter 500 trabalhadores. Significa gerar riqueza para si e para o país.

Fonte: Jornaldenegocios.pt