releituras 1001
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Re: releituras 1001
Havia a levíssima embriaguez de andarem juntos, a alegria como quando se sente a garganta um pouco seca e se vê que por admiração se estava de boca entreaberta: eles respiravam de antemão o ar que estava à frente, e ter esta sede era a própria água deles.Andavam por ruas e ruas falando e rindo, falavam e riam para dar matéria peso à levíssima embriaguez que era a alegria da sede deles. Por causa de carros e pessoas, às vezes eles se tocavam, e ao toque – a sede é a graça, mas as águas são uma beleza de escuras – e ao toque brilhava o brilho da água deles, a boca ficando um pouco mais seca de admiração.Como eles admiravam estarem juntos! Até que tudo se transformou em não. Tudo se transformou em não quando eles quiseram essa mesma alegria deles. Então a grande dança dos erros. O cerimonial das palavras desacertadas. Ele procurava e não via, ela não via que ele não vira, ela que, estava ali, no entanto.No entanto ele que estava ali. Tudo errou, e havia a grande poeira das ruas, e quanto mais erravam, mais com aspereza queriam, sem um sorriso. Tudo só porque tinham prestado atenção, só porque não estavam bastante distraídos. Só porque, de súbito exigentes e duros, quiseram ter o que já tinham. Tudo porque quiseram dar um nome; porque quiseram ser, eles que eram.Foram então aprender que, não se estando distraído, o telefone não toca, e é preciso sair de casa para que a carta chegue, e quando o telefone finalmente toca, o deserto da espera já cortou os fios.Tudo, tudo por não estarem mais distraídos.
Clarice Lispector
Clarice Lispector
Re: releituras 1001
Subi ao topo de nossas memórias,
pés descalços, olhos apertados, tentando enxergar na distância
o que estava próximo e ausente.
Conquistei o cume do que restou de tua presença,
as mãos firmes,
plagiando a rigidez da pedra.
Antecipei palavras.
Memorizei versos, antes de escrevê-los.
Julguei teu gesto
antes que a luz do movimento se acendesse.
No escuro eu já te enxergava.
Somos réus de um passado
com poucos ruídos.
Mascarando evidências
em caminhos contraditórios.
Tentando juntar lembranças
a simulações.
O que se recorda
ao que será esquecido.
Mas o esquecimento rejeita companhia.
Inútil
silenciar
o inevitável.
O silêncio é incapaz de mentir.
Inútil desviar
ao percorrer o caminho de volta.
O lugar que abriga o passado
não desiste da espera.
O que a conduta de teus olhos camufla,
permanecerá ,
como uma montanha escondida atrás da sombra.
Inútil
Desconcertar
quando se conhece a forma original.
O que nossos atos desconcertam,
a natureza se ocupa em reparar.
Não existem falsas histórias de Amor.
pés descalços, olhos apertados, tentando enxergar na distância
o que estava próximo e ausente.
Conquistei o cume do que restou de tua presença,
as mãos firmes,
plagiando a rigidez da pedra.
Antecipei palavras.
Memorizei versos, antes de escrevê-los.
Julguei teu gesto
antes que a luz do movimento se acendesse.
No escuro eu já te enxergava.
Somos réus de um passado
com poucos ruídos.
Mascarando evidências
em caminhos contraditórios.
Tentando juntar lembranças
a simulações.
O que se recorda
ao que será esquecido.
Mas o esquecimento rejeita companhia.
Inútil
silenciar
o inevitável.
O silêncio é incapaz de mentir.
Inútil desviar
ao percorrer o caminho de volta.
O lugar que abriga o passado
não desiste da espera.
O que a conduta de teus olhos camufla,
permanecerá ,
como uma montanha escondida atrás da sombra.
Inútil
Desconcertar
quando se conhece a forma original.
O que nossos atos desconcertam,
a natureza se ocupa em reparar.
Não existem falsas histórias de Amor.
Re: releituras 1001
Escolheu a palavra como defesa pessoal. Aprendeu a dar os primeiros golpes ainda na infância, usando seus cadernos-sacos-de-pancada, guardados no ringue secreto do quarto. Criou a mais complexa arte das imobilizações metafóricas, inspirações herdadas por ascendência familiar, nomes consagrados. Nunca fazia demonstrações em publico, mas era conhecido em todos lugares pelas habilidades quase sobre-humanas de violência textual. Intocável, seguia com esmero de si palavreando risos, mas deixava sempre caneta afiada nas pontas dos dedos, arma nobre disposta a qualquer imprevisto poético ou até mesmo para o cotidiano. Derrubou a dor a pancadas paradoxais, matou friamente o medo da reprovação-poética com agressões metalingüísticas. Desafiou os mais temidos inimigos pessoais e ante-literários. Quando vieram as paixões escolheu os versos, quando a solidão, a prosa.
Um dia, tentou fazer um pouco de silêncio e foi assassinado.
Um dia, tentou fazer um pouco de silêncio e foi assassinado.
Re: releituras 1001
Como é lindo um sorriso numa criança,
O seu olhar brilhante,
a sua alma cheia de esperança,
numa vida radiante...
Como é lindo vê-la crescer,
sempre mas sempre a brincar,
sem nunca deixar de aprender,
o que mais tarde terá que ensinar.
Como é lindo tudo isto existir,
e nos encher o coração de esperança,
que um novo futuro virá a sorrir,
e com ele a felicidade de uma criança...
O seu olhar brilhante,
a sua alma cheia de esperança,
numa vida radiante...
Como é lindo vê-la crescer,
sempre mas sempre a brincar,
sem nunca deixar de aprender,
o que mais tarde terá que ensinar.
Como é lindo tudo isto existir,
e nos encher o coração de esperança,
que um novo futuro virá a sorrir,
e com ele a felicidade de uma criança...
Re: releituras 1001
A tua morte é sempre nova em mim.
Não amadurece. Não tem fim.
Se ergo os olhos dum livro, de repente
tu morreste.
Acordo, e tu morreste.
Sempre, cada dia, cada instante,
a tua morte é nova em mim,
sempre impossível.
E assim, até à noite final
Irás morrendo a cada instante
da vida que ficou fingindo vida.
Redescubro a tua morte como outros
descobrem o amor,
porque em cada lugar, cada momento,
tu estás viva.
Viverei até à hora derradeira a tu morte.
Aos goles, lentos goles. Como se fosse
cada vez um veneno novo.
Não é tanto a saudade que dói, mas o remorso.
O remorso de todo o perdido em nossa vida,
coisas de antes e depois, coisas de nunca,
palavras mudas para sempre, um gesto
que sem remédio jamais teve destino,
o olhar que procura e nunca tem resposta.
O único presente verdadeiro é teres partido.
excerto do poema A TUA MORTE EM MIM, de Adolfo Casais MonteiroNão amadurece. Não tem fim.
Se ergo os olhos dum livro, de repente
tu morreste.
Acordo, e tu morreste.
Sempre, cada dia, cada instante,
a tua morte é nova em mim,
sempre impossível.
E assim, até à noite final
Irás morrendo a cada instante
da vida que ficou fingindo vida.
Redescubro a tua morte como outros
descobrem o amor,
porque em cada lugar, cada momento,
tu estás viva.
Viverei até à hora derradeira a tu morte.
Aos goles, lentos goles. Como se fosse
cada vez um veneno novo.
Não é tanto a saudade que dói, mas o remorso.
O remorso de todo o perdido em nossa vida,
coisas de antes e depois, coisas de nunca,
palavras mudas para sempre, um gesto
que sem remédio jamais teve destino,
o olhar que procura e nunca tem resposta.
O único presente verdadeiro é teres partido.
komodore- VIP 1001blogs
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Re: releituras 1001
Nunca ninguém sabe
Nunca ninguém sabe se estou louco para rir ou para chorar
Pois o meu verso tem essa quase imperceptível tremor...
A vida é louca, o mundo é triste:
vale a pena matar-se por isso?
Nem por ninguém!
Só se deve morrer de puro amor!Mário Quintana
Nunca ninguém sabe se estou louco para rir ou para chorar
Pois o meu verso tem essa quase imperceptível tremor...
A vida é louca, o mundo é triste:
vale a pena matar-se por isso?
Nem por ninguém!
Só se deve morrer de puro amor!Mário Quintana
Re: releituras 1001
Fantasmas e Almas do outro Mundo
Certa noite ao luar, indo os senhores, Francisco Antão e António Mendes de Oliveira, este ainda hoje vive e actualmente com 91 anos de idade, em direcção aos moinhos dos Valcerves e dos Coiceiros, propriedades que ficam juntas umas às outras. Quando passavam no sítio que tem o nome de Lomba, onde a estrada carreteira era mais larga e mais recta, viram à distância que vinha um vulto de dimensões um pouco anormais, talvez do tamanho de um burro, que ao luar lhes parecia de cor esbranquiçada.
Eles, temendo o encontro com tal “vulto”, saíram da estrada e esconderam-se na retaguarda de um ervedeiro, só daí saindo depois de o “vulto” passar em direcção à Povoação. Cheios de medo, finalmente, retomaram o seu caminho.
Meu pai, António Antunes Simões, que ainda estava à janela fumando um cigarro, viu o mesmo “vulto” descendo a encosta da Chã de Munha que fazia um grande barulho no seu andamento.
Chamou por minha mãe. - Maria anda ver.
O vulto desceu então a barroca e subiu em direcção à nossa casa, que era a última ao fundo do lugar.
Viram então que não se tratava de qualquer ser humano, pois passou entre a nossa casa e a casa do Tio José Ramos de Almeida e seguiu o caminho das Laranjeiras.
Pensando que de animal se tratava, meu pai não hesitou, e como era caçador, pegou na arma que tinha sempre carregado a um canto da casa, em ceroulas e descalço, abriu a porta da rua, que nesse tempo nem à chave se fechava, e correu atrás do “vulto”.
De arma em punho, correu atrás do “vulto” até às Laranjeiras, seguido da minha mãe que lhe rogava para não fazer fogo contra o “vulto”, visto não saber do que se tratava.
Mas meu pai, não acatando os pedidos de minha mãe, ainda premiu por duas vezes o gatilho, mas a arma não se disparou.
Voltaram para casa interrogando-se sobre o que teriam visto.
O mesmo vulto, percorreu ainda algumas vielas da povoação e seguiu o mesmo caminho por onde tinha vindo com uma pequena diferença, seguiu pelo lado do Pereiro, o caminho directo para a Lomba por onde já tinha passado.
À hora em que tudo isto se passou poucas foram as pessoas da Aldeia que deram por este fenómeno.
Na manhã seguinte, meu pai, pegou na arma e, com a mesma carga que tinha antes, fez um disparo sobre uma pedra de afiar ferramentas colocada sobre uma pequena parede no quintal.
A arma disparou, ficando a pedra toda crivada de furos com o chumbo que lhe bateu. Segundo estou informado essa pedra ainda existe, mas, colocada noutro local.
Este caso passou-se no ano de 1933, tinha eu 11 anos de idade. Meus pais já pouco tempo viveram, depois deste fenómeno se ter passado.
Meu pai faleceu no ano seguinte, a 29 de Setembro de 1934 e minha mãe faleceu a 12 de Março de 1938.
Certo é que ainda hoje me interrogo. Afinal de que “vulto” se tratava.
José Augusto Simões
1999
Re: releituras 1001
Releio e vejo a minha vida, minuto a minuto... sinceramente?????
Que coisa monótona...
Que coisa monótona...
komodore- VIP 1001blogs
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Re: releituras 1001
Memória Afetiva
Nada do que disseres me será esquecido...
Nem a lágrima única que do rosto tenha caido
Límpida e transparente pela face triste
Quando a alma chora o amor que existe...
Clamar por algo tão doído é sondar os sentidos...
Buscando a pureza que em nós sussurram
Dentro de nossos corações que murmuram
Preces de perdão aos sentimentos perdidos!
Minha memória fala de amor...Eu sinto!
É como se fizesse parte de mim
Com todos nossos sentimentos guardados...
Minha memória guarda, nossos corpos, entrelaçados;
Minha alma te chama num lamento sem fim...
Quando me acho no topo de mim, Te sinto!
Nada do que disseres me será esquecido...
Nem a lágrima única que do rosto tenha caido
Límpida e transparente pela face triste
Quando a alma chora o amor que existe...
Clamar por algo tão doído é sondar os sentidos...
Buscando a pureza que em nós sussurram
Dentro de nossos corações que murmuram
Preces de perdão aos sentimentos perdidos!
Minha memória fala de amor...Eu sinto!
É como se fizesse parte de mim
Com todos nossos sentimentos guardados...
Minha memória guarda, nossos corpos, entrelaçados;
Minha alma te chama num lamento sem fim...
Quando me acho no topo de mim, Te sinto!
Betânia Uchôa
Re: releituras 1001
Onde está você
Onde foi parar aquele sentimento
doce e febril, como vinho
como uma chama acesa
presente como um pavio
Onde está você, que chegou
E como uma avalanche
se assentou, vagou
e seus passos o levou,
Onde guardei aquele desejo
de conhecer a fantasia
fazer da vida uma festa
em constante alegria,
Onde está você?
que viveu, abraçou, aconchegou...
chorou e de mim desgrudou
e nada do que sentimos ficou.
Re: releituras 1001
Sou paz e mel,
Sou pão sem sal,
O melhor disto tudo,
É que não faço por bem nem por mal.
Sou cenoura ralada,
Sou cebola sorridente,
Há quem coma mentiras,
E como eu,
Quem diga a verdade sempre.
Sou pão sem sal,
O melhor disto tudo,
É que não faço por bem nem por mal.
Sou cenoura ralada,
Sou cebola sorridente,
Há quem coma mentiras,
E como eu,
Quem diga a verdade sempre.
komodore- VIP 1001blogs
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Re: releituras 1001
Controvérsia
Bem sei que o breve tempo da tua presença
é a maior de todas as minhas glórias
que o esboço do teu sorriso
é um sol estival e festivo
que um minúsculo gesto dos teus
abre o mar e os raios suspende
que o mais ténue dos teus cabelos
é amarra do meu navio
O oftalmologista sabe das minhas perturbações de visão
e os estilistas dão-lhe o nome de hipérbole
Bem sei que todas as estrelas lucilam
inquietas dentro destes olhos
e que as nuvens do sono as não apagam
Os ponteiros do relógio caminham trôpegos
mas há ponteiros desvairados na máquina que sou
que apontam para ti a cada segundo
que a cada segundo me despertam e alarmam
que a cada segundo gritam o mesmo nome sem tréguas
como se fossem os galos da alvorada
Todos os médicos estão de acordo:
isto não passa de uma insónia permanente
e o stress anda a minar-me os labirintos
Bem sei que perscruto o horizonte com olhos indefinidos
que os outeiros copiaram a forma dos teus seios
que as árvores se emaranharam nos teus cabelos
que o mar se espraia no teu olhar
que as linhas da tua mão esplendem na Cassiopeia
que os teus dedos espalham na vida os nocturnos de Chopin
que a tua cinta se requebra nos caprichos do vento
que o teu andar diáfano caminha com as tardes translúcidas
Há muito que Freud me explicara
que a lapa da obsessão se cravou na minha alma
Bem sei que tenho outra compostura
desde que aos meus olhos de dentro te revelaste
mas é que há em todas as coisas
sucursais do teu penetrante olhar
e eu quero que me vejas belo e magnânimo
bom e cordato justo e indulgente
ao menos desbotada imagem do teu fulgor
Dizem que são reminiscências duma moral esquecida
escrúpulos de volta aos meus ditames
Bem sei que agora mesmo
(deixa-me só concluir o meu poema)
não me importava de morrer
amarfanhado como uma pétala nas tuas mãos
sim desde que fossem as tuas
e ser em breve o almo húmus
donde brotassem nitentes magnólias à tua porta
Não me importava de beber o mar profundo
desde que fosse a tua suavidade
a empurrar-me para o abismo
Consta que é apenas velhice
este ter passado os dedos nas mil camândulas
do rosário de enganos e desenganos
que nos traz esta ânsia de não-ser
Todos terão razão Provavelmente
decidirão que nada disto é amor
Opinarão que vim de outra galáxia a cavalo de um meteoro
com estranhos ritos e palavras extravagantes
dulcíloquas mas previamente gravadas
Pensarão que os meus olhos hão-de estalar
que estas insónias só terão cura no sono da morte
que esta obsessão me levará ao convívio com os doidos
que estes escrúpulos serão o revólver do meu suicídio
que da minha campa só nascerão pedras e nunca magnólias
Pronunciem-se todos os sábios e psicólogos
conjecturem todos os analistas
julguem-me todos os juízes (e tantos são)
condenem-me e enforquem-me por impostor
A mim só me interessa o teu veredicto
Se me sorrires como só tu sabes
é porque é inelutável esta verdade:
Afinal
outra coisa não sei que não seja amar-te
Anthero Monteiro, Canto de Encantos e Desencantos,
Bem sei que o breve tempo da tua presença
é a maior de todas as minhas glórias
que o esboço do teu sorriso
é um sol estival e festivo
que um minúsculo gesto dos teus
abre o mar e os raios suspende
que o mais ténue dos teus cabelos
é amarra do meu navio
O oftalmologista sabe das minhas perturbações de visão
e os estilistas dão-lhe o nome de hipérbole
Bem sei que todas as estrelas lucilam
inquietas dentro destes olhos
e que as nuvens do sono as não apagam
Os ponteiros do relógio caminham trôpegos
mas há ponteiros desvairados na máquina que sou
que apontam para ti a cada segundo
que a cada segundo me despertam e alarmam
que a cada segundo gritam o mesmo nome sem tréguas
como se fossem os galos da alvorada
Todos os médicos estão de acordo:
isto não passa de uma insónia permanente
e o stress anda a minar-me os labirintos
Bem sei que perscruto o horizonte com olhos indefinidos
que os outeiros copiaram a forma dos teus seios
que as árvores se emaranharam nos teus cabelos
que o mar se espraia no teu olhar
que as linhas da tua mão esplendem na Cassiopeia
que os teus dedos espalham na vida os nocturnos de Chopin
que a tua cinta se requebra nos caprichos do vento
que o teu andar diáfano caminha com as tardes translúcidas
Há muito que Freud me explicara
que a lapa da obsessão se cravou na minha alma
Bem sei que tenho outra compostura
desde que aos meus olhos de dentro te revelaste
mas é que há em todas as coisas
sucursais do teu penetrante olhar
e eu quero que me vejas belo e magnânimo
bom e cordato justo e indulgente
ao menos desbotada imagem do teu fulgor
Dizem que são reminiscências duma moral esquecida
escrúpulos de volta aos meus ditames
Bem sei que agora mesmo
(deixa-me só concluir o meu poema)
não me importava de morrer
amarfanhado como uma pétala nas tuas mãos
sim desde que fossem as tuas
e ser em breve o almo húmus
donde brotassem nitentes magnólias à tua porta
Não me importava de beber o mar profundo
desde que fosse a tua suavidade
a empurrar-me para o abismo
Consta que é apenas velhice
este ter passado os dedos nas mil camândulas
do rosário de enganos e desenganos
que nos traz esta ânsia de não-ser
Todos terão razão Provavelmente
decidirão que nada disto é amor
Opinarão que vim de outra galáxia a cavalo de um meteoro
com estranhos ritos e palavras extravagantes
dulcíloquas mas previamente gravadas
Pensarão que os meus olhos hão-de estalar
que estas insónias só terão cura no sono da morte
que esta obsessão me levará ao convívio com os doidos
que estes escrúpulos serão o revólver do meu suicídio
que da minha campa só nascerão pedras e nunca magnólias
Pronunciem-se todos os sábios e psicólogos
conjecturem todos os analistas
julguem-me todos os juízes (e tantos são)
condenem-me e enforquem-me por impostor
A mim só me interessa o teu veredicto
Se me sorrires como só tu sabes
é porque é inelutável esta verdade:
Afinal
outra coisa não sei que não seja amar-te
Anthero Monteiro, Canto de Encantos e Desencantos,
Re: releituras 1001
Neste deserto sem fim,
Bebo as tuas palavras com afinco,
Mordisco o teu corpo,
Desvairado com afinco.
Neste Sol que queima a pele,
Sou cruel no meu desejo,
Pois quero-te nua e crua,
Como lágrima que lacrimejo.
Verdades?
Sim, atiro-as à cara de todo e alguém,
Pois antes ser verdadeiro que mentiras sem fim,
Antes ser sincero do que idiota também.
Bebo as tuas palavras com afinco,
Mordisco o teu corpo,
Desvairado com afinco.
Neste Sol que queima a pele,
Sou cruel no meu desejo,
Pois quero-te nua e crua,
Como lágrima que lacrimejo.
Verdades?
Sim, atiro-as à cara de todo e alguém,
Pois antes ser verdadeiro que mentiras sem fim,
Antes ser sincero do que idiota também.
komodore- VIP 1001blogs
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Re: releituras 1001
Se eu morresse amanhã,
Deixaria para trás,
Um tesouro da mamã,
Lindo, Rei, Príncipe com beijo que me dás.
Se eu finasse hoje,
Seria com um sorriso,
Foi fiz de quase tudo que me propus,
Metade das quais quase liso.
Se eu finar daqui a anos,
É com graça que me vou,
Dei de tudo, meu coração,
Meu amor a ti te dou.
Deixaria para trás,
Um tesouro da mamã,
Lindo, Rei, Príncipe com beijo que me dás.
Se eu finasse hoje,
Seria com um sorriso,
Foi fiz de quase tudo que me propus,
Metade das quais quase liso.
Se eu finar daqui a anos,
É com graça que me vou,
Dei de tudo, meu coração,
Meu amor a ti te dou.
komodore- VIP 1001blogs
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Re: releituras 1001
Meus sentimentos se confundem.
Me envolvem em um trubilhão.
Sigo seus rastros incertos.
Que não sei onde me levarão!!
Ah! sentimentos malogros.
Que machucam meu coração.
Arrancá-los de mim, não consigo.
Cresceram, criaram raizes!!
Apenas deixaram comigo!!
Uma doloração ilusão!!
Me envolvem em um trubilhão.
Sigo seus rastros incertos.
Que não sei onde me levarão!!
Ah! sentimentos malogros.
Que machucam meu coração.
Arrancá-los de mim, não consigo.
Cresceram, criaram raizes!!
Apenas deixaram comigo!!
Uma doloração ilusão!!
Re: releituras 1001
Percorro os caminhos desgastados pelo tempo
Piso as areias quentes do deserto.
Procuro encontrar-me neste meu tormento,
Mas o passo é lento,
O olhar é pesado.
E perco-me por entre o tempo passado.
Caminho sozinho,
Pelos rastos abandonados
E através dos rituais sagrados
Procuro a minha salvação
Enquanto rezo, caminho sozinho
Ou talvez não.
O Sol atormenta-me de dia
A fé abandona o espirito
E enquanto a minha alma morria
Percorria este espaço infinito.
Apenas eu,
Outro corpo sem alma
Outra alma em melancolia
Piso as areias quentes do deserto.
Procuro encontrar-me neste meu tormento,
Mas o passo é lento,
O olhar é pesado.
E perco-me por entre o tempo passado.
Caminho sozinho,
Pelos rastos abandonados
E através dos rituais sagrados
Procuro a minha salvação
Enquanto rezo, caminho sozinho
Ou talvez não.
O Sol atormenta-me de dia
A fé abandona o espirito
E enquanto a minha alma morria
Percorria este espaço infinito.
Apenas eu,
Outro corpo sem alma
Outra alma em melancolia
Re: releituras 1001
Procuro um rosto na multidão.
Uma luz que alumie as trevas.
Alguém que conheci noutras eras
mas de quem já não recordo o nome.
Procuro na margem dos rios
atento ao murmúrio das águas
e nos desolados caminhos de pedra
onde febril me perdi
sem encontrar sinal de ti.
Vim de muito longe.
Onde o fim da noite pulsa,
nos confins profundos de uma vertigem,
à deriva nos oceanos do tempo.
Já cruzei mil caminhos.
Atravessei céus de luz e escuridão,
esgravatando a imensidão do vazio,
sem sequer cheirar teu perfume
ou o vulto da tua sombra fugidia.
Uma vida inteira não bastou
para achar as pegadas do teu rasto,
afundadas nas ruínas chuvosas do pó
e nas rugas arrefecidas dos milénios.
Talvez não passes de uma ilusão
que o vento murmura à noite nos muros;
esboço inútil que rabisco
nos sonhos cegos que alimentam
a névoa triste da minha passagem
Uma luz que alumie as trevas.
Alguém que conheci noutras eras
mas de quem já não recordo o nome.
Procuro na margem dos rios
atento ao murmúrio das águas
e nos desolados caminhos de pedra
onde febril me perdi
sem encontrar sinal de ti.
Vim de muito longe.
Onde o fim da noite pulsa,
nos confins profundos de uma vertigem,
à deriva nos oceanos do tempo.
Já cruzei mil caminhos.
Atravessei céus de luz e escuridão,
esgravatando a imensidão do vazio,
sem sequer cheirar teu perfume
ou o vulto da tua sombra fugidia.
Uma vida inteira não bastou
para achar as pegadas do teu rasto,
afundadas nas ruínas chuvosas do pó
e nas rugas arrefecidas dos milénios.
Talvez não passes de uma ilusão
que o vento murmura à noite nos muros;
esboço inútil que rabisco
nos sonhos cegos que alimentam
a névoa triste da minha passagem
Re: releituras 1001
O teu olhar,
Doce e carinhoso,
É por te amar,
Que me sinto ansioso.
Ansioso por sofrer,
Não por amor, mas por saudade,
Não por dor, nem verdade,
Mas por te querer.
Doce e carinhoso,
É por te amar,
Que me sinto ansioso.
Ansioso por sofrer,
Não por amor, mas por saudade,
Não por dor, nem verdade,
Mas por te querer.
komodore- VIP 1001blogs
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Re: releituras 1001
Mensagem de Felicidade
Seja Feliz!
Se a felicidade já foi possível para você um dia,
então, ser feliz agora também o é.
Se a felicidade vai ser possível no futuro,
também é possível ser feliz agora.
Seja feliz com a pessoa que você é hoje.
Não, você ainda não é quem gostaria de ser.
Mesmo assim você tem todas as chances de se
tornar a pessoa que quer ser.
Você gostaria de perder a aventura de alcançar
todo seu potencial?
Claro que não!
Seja feliz por ter ainda muito a conquistar,
pois é nesse processo que se experimenta a riqueza da vida.
Se você ainda não tem certeza de qual caminho
sua vida deve seguir,
fique feliz por ter tantas possibilidades e
divirta-se explorando-as.
Se você está cheio de problemas e responsabilidades,
fique feliz por ter a possibilidade de fazer diferente e
fortaleça-se ultrapassando os obstáculos.
Nada pode impedir você de ser feliz.
Ninguém pode afastar você da felicidade a não ser você mesmo.
Seja feliz agora mesmo
Seja Feliz!
Se a felicidade já foi possível para você um dia,
então, ser feliz agora também o é.
Se a felicidade vai ser possível no futuro,
também é possível ser feliz agora.
Seja feliz com a pessoa que você é hoje.
Não, você ainda não é quem gostaria de ser.
Mesmo assim você tem todas as chances de se
tornar a pessoa que quer ser.
Você gostaria de perder a aventura de alcançar
todo seu potencial?
Claro que não!
Seja feliz por ter ainda muito a conquistar,
pois é nesse processo que se experimenta a riqueza da vida.
Se você ainda não tem certeza de qual caminho
sua vida deve seguir,
fique feliz por ter tantas possibilidades e
divirta-se explorando-as.
Se você está cheio de problemas e responsabilidades,
fique feliz por ter a possibilidade de fazer diferente e
fortaleça-se ultrapassando os obstáculos.
Nada pode impedir você de ser feliz.
Ninguém pode afastar você da felicidade a não ser você mesmo.
Seja feliz agora mesmo
Re: releituras 1001
Seja feliz,
Diz o petiz,
Quando não sabe o que diz,
Ao tirar macaquinhos do nariz...
Diz o petiz,
Quando não sabe o que diz,
Ao tirar macaquinhos do nariz...
komodore- VIP 1001blogs
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Re: releituras 1001
Olá, então, como vais?
Diz o pardal para a perdiz,
Não vou nem bem nem mal,
Disse a pobre infeliz!
Então porquê,
Retorquiu o pardal,
Porque o meu amor fugiu,
Pelas alturas do Natal.
Mas que prenda!,
Disse o pardaleco,
Ah pois foi,
Quase me deu um treco.
:lol!:
Diz o pardal para a perdiz,
Não vou nem bem nem mal,
Disse a pobre infeliz!
Então porquê,
Retorquiu o pardal,
Porque o meu amor fugiu,
Pelas alturas do Natal.
Mas que prenda!,
Disse o pardaleco,
Ah pois foi,
Quase me deu um treco.
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