releituras 1001
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Re: releituras 1001
Maldito tempo perdido
Neste amor parado
Tristezas de um detido
Ficar na vida atrasado.
O perfume do teu corpo,
O sabor de te abraçar
Aqui o amor está morto,
E eu carente para te amar.
Loucas saudades sinto
Desses lábios que são teus,
Aqui neste labirinto
Desejo teus lábios meus.
Sou o Inverno mais frio
Neste mundo sem calor,
Porque a sorte me decidiu:
"Privar o teu amor!"
Neste amor parado
Tristezas de um detido
Ficar na vida atrasado.
O perfume do teu corpo,
O sabor de te abraçar
Aqui o amor está morto,
E eu carente para te amar.
Loucas saudades sinto
Desses lábios que são teus,
Aqui neste labirinto
Desejo teus lábios meus.
Sou o Inverno mais frio
Neste mundo sem calor,
Porque a sorte me decidiu:
"Privar o teu amor!"
Re: releituras 1001
Quem sou eu
Eu sou quem sou,
sou como sou
sou um ser humano
como muitos são
com uma personalidade diferente e quase sempre
com razão.
Percorro caminhos longinquos
aqueles que o destino
me reserva, adorava que
fosse tudo mais fácil para
não ter grande perda.
Confesso-me também
forte por fora na minha
aparência, fraca por dentro,
mas com pacência.
Adorava poder escolher
os caminhos por onde ir,
a vida que poderei levar certa,
perfeita e sem razões para me matar.
Re: releituras 1001
Apaixonei-me
Ouvi teu nome chamar,
Que decorei de uma só vez.
Só penso em te encontrar,
E amar, talvez...
Gostei de te ver
Quando futebol jogaste.
Não sei como descrever,
Como meu coração ganhaste.
Gosto de passear,
E com os amigos conversar.
Senti por ti uma atracção
E uma grande paixão.
Gostava de te conhecer,
Melhor do que conheço.
Talvez um dia quando crescer,
Compreenda melhor o que desconheço.
Ouvi teu nome chamar,
Que decorei de uma só vez.
Só penso em te encontrar,
E amar, talvez...
Gostei de te ver
Quando futebol jogaste.
Não sei como descrever,
Como meu coração ganhaste.
Gosto de passear,
E com os amigos conversar.
Senti por ti uma atracção
E uma grande paixão.
Gostava de te conhecer,
Melhor do que conheço.
Talvez um dia quando crescer,
Compreenda melhor o que desconheço.
Re: releituras 1001
Cortaram-me as asas,
já não posso voar.
destruiram-me um sonho,
que demorei anos a realizar!
Vemdaram-me os olhos,
Já não te posso ver.
quiseram separar-nos,
para me verem sofrer!
já não posso voar.
destruiram-me um sonho,
que demorei anos a realizar!
Vemdaram-me os olhos,
Já não te posso ver.
quiseram separar-nos,
para me verem sofrer!
Re: releituras 1001
Vagabundeando pelo asfalto da vida,
a minha alma, maldigo a sorte !
que da esperança em voz ardida,
lentamente lhe traz a morte.
A chuva cai soprada por vento siberial
As estrelas, há muito meus olhos não beijam
E no meio deste frio temporal,
Meus pensamentos velejam
E eis que derrepente,
Um pensamento para longe parte, o lar marterno
Onde exprimo todo o meu tormento,
Dizendo, no meu coração, só existe Inverno !
No vento esta mensagem escrevo, queridos,
Na ausência de ventura, por entre campos de trevo
Vosso amado as quatro folhas procura.
Também lágrimas eu choro
Apagadas por lenços frios
E dos olhos eu as adoro,
Correndo como rios
Esta desventura me persegue
Desde o colo de minha mãe !
E minha força não consegue
Badila para o além !
Troquei-vos, pela escravidão e pelo frio !
E com voz serena vos digo,
Que este é mais um desafio,
E que vencer eu não consigo.
Jesus ressuscitou, dizem, não sei, não vi !
Mas sou eu sim que transporto a cruz
E libertar-me ainda não consegui
Trinta e seis anos de penosa dor
Com o espirito jà carcumido
Pelo transporte de tão pesado andor !
Que nada tem de florido.
Ser poeta é coisa séria !
E um desafio à morte,
Todos morrem na miséria,
Todos partem sem ter sorte
Por isso, das sílabas não me ocupo
Das sábias letras sou esento
Da rima me preocupo
E dos meus poemas me contento
Bocage, Brel, tantos outros.
E Camões ?
Suas mãos os entregaram ao destino
Delas restaram canções, que em muitas vozes são tino !
Na poesia, eu os admiro, eu os aclamo,
O Infortunio, foi sempre seu tema
E eu por ter quatro filhos que muito amo
Tenho receio e termino aqui o meu poema.
a minha alma, maldigo a sorte !
que da esperança em voz ardida,
lentamente lhe traz a morte.
A chuva cai soprada por vento siberial
As estrelas, há muito meus olhos não beijam
E no meio deste frio temporal,
Meus pensamentos velejam
E eis que derrepente,
Um pensamento para longe parte, o lar marterno
Onde exprimo todo o meu tormento,
Dizendo, no meu coração, só existe Inverno !
No vento esta mensagem escrevo, queridos,
Na ausência de ventura, por entre campos de trevo
Vosso amado as quatro folhas procura.
Também lágrimas eu choro
Apagadas por lenços frios
E dos olhos eu as adoro,
Correndo como rios
Esta desventura me persegue
Desde o colo de minha mãe !
E minha força não consegue
Badila para o além !
Troquei-vos, pela escravidão e pelo frio !
E com voz serena vos digo,
Que este é mais um desafio,
E que vencer eu não consigo.
Jesus ressuscitou, dizem, não sei, não vi !
Mas sou eu sim que transporto a cruz
E libertar-me ainda não consegui
Trinta e seis anos de penosa dor
Com o espirito jà carcumido
Pelo transporte de tão pesado andor !
Que nada tem de florido.
Ser poeta é coisa séria !
E um desafio à morte,
Todos morrem na miséria,
Todos partem sem ter sorte
Por isso, das sílabas não me ocupo
Das sábias letras sou esento
Da rima me preocupo
E dos meus poemas me contento
Bocage, Brel, tantos outros.
E Camões ?
Suas mãos os entregaram ao destino
Delas restaram canções, que em muitas vozes são tino !
Na poesia, eu os admiro, eu os aclamo,
O Infortunio, foi sempre seu tema
E eu por ter quatro filhos que muito amo
Tenho receio e termino aqui o meu poema.
Re: releituras 1001
O poeta é um eterno sofredor
E vai sofrendo a sua vida inteira.
Muitas vezes se sente magoado,
Por uma insignificante besteira.
E vai sofrendo a sua vida inteira.
Muitas vezes se sente magoado,
Por uma insignificante besteira.
Re: releituras 1001
A vida às vezes é como a rosa vermelha
Mas também neste caminho há poeira
E a minha vida também se assemelha
Ora tendo muito, ora sem beira e eira
Às vezes deparamos com a encruzilhada
E podemos seguir por um dos caminhos
Um é bem largo, o outro não tem nada
Mas só no estreito não haverá espinhos
Um caminho é de festas e só de riqueza
Aonde só olhamos para a nossa mesa
E nem notamos os que estão excluídos
O outro caminho é bem mais modesto
E por esse que sempre eu me manifesto
Para que o pão e o amor sejam divididos.
Mas também neste caminho há poeira
E a minha vida também se assemelha
Ora tendo muito, ora sem beira e eira
Às vezes deparamos com a encruzilhada
E podemos seguir por um dos caminhos
Um é bem largo, o outro não tem nada
Mas só no estreito não haverá espinhos
Um caminho é de festas e só de riqueza
Aonde só olhamos para a nossa mesa
E nem notamos os que estão excluídos
O outro caminho é bem mais modesto
E por esse que sempre eu me manifesto
Para que o pão e o amor sejam divididos.
Re: releituras 1001
Quando o sol desce e a tarde chega
Eu numa prece peço que regresses
Mas não escutas e não respondes
Então eu acho que tu me esqueces
Esta noite está tão solitária e escura
A Lua até parece que fez um feriado
E eu estou sofrendo esta amargura
Por não estares agora ao meu lado
Beijo triste a fronha do travesseiro
Não quero, desta forma, ser solteiro
Mas ninguém mata os meus desejos
Sonho que estas bem perto de mim
Então abraço o travesseiro e assim
Penso que correspondes meus beijos
Eu numa prece peço que regresses
Mas não escutas e não respondes
Então eu acho que tu me esqueces
Esta noite está tão solitária e escura
A Lua até parece que fez um feriado
E eu estou sofrendo esta amargura
Por não estares agora ao meu lado
Beijo triste a fronha do travesseiro
Não quero, desta forma, ser solteiro
Mas ninguém mata os meus desejos
Sonho que estas bem perto de mim
Então abraço o travesseiro e assim
Penso que correspondes meus beijos
Re: releituras 1001
Releio as leituras de meu avô e digo estes pequenos versos de sua autoria que para mim, tanto significa:
Rafael, Fevereiro 82
“Dona Morte”
Dona Morte é interesseira,
Surge, sempre, sem ser chamada,
E apesar de andar ligeira
Anda, sempre, atarefada.
Dona Morte, quando vem,
Nunca escolhe ocasião,
Nunca diz nada a ninguém,
Nunca diz se vem ou não.
Dona Morte, é brejeira,
Leviana e atrevida,
E na sua brincadeira
Só quer brincar com a vida.
Dona Morte é interesseira,
Surge, sempre, sem ser chamada,
E apesar de andar ligeira
Anda, sempre, atarefada.
Dona Morte, quando vem,
Nunca escolhe ocasião,
Nunca diz nada a ninguém,
Nunca diz se vem ou não.
Dona Morte, é brejeira,
Leviana e atrevida,
E na sua brincadeira
Só quer brincar com a vida.
Rafael, Fevereiro 82
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Re: releituras 1001
Já fui água cristalina
Fui pura qual menina
Que tem límpido coração
Sou a maior preciosidade
Sacio a sede da humanidade
Sacio a sede da plantação.
Sou água cor de diamante
Ando por lugares distantes
em busca de redenção
Meus braços insistentes
partem da minha nascente
Abraçando com toda afeição.
Já fui rio abundante
Refresquei calor escaldante
Vertendo sem violação
Hoje sou fio de esperança
Implorando a cada criança
Que me dêem sua proteção
Se eu for assassinada
Nem jardins, nem revoadas,
Só cinzas de civilização
Urge que eu tenha respeito
Pra correr límpida no leito
Para que bata meu co-ra-ção...
Fui pura qual menina
Que tem límpido coração
Sou a maior preciosidade
Sacio a sede da humanidade
Sacio a sede da plantação.
Sou água cor de diamante
Ando por lugares distantes
em busca de redenção
Meus braços insistentes
partem da minha nascente
Abraçando com toda afeição.
Já fui rio abundante
Refresquei calor escaldante
Vertendo sem violação
Hoje sou fio de esperança
Implorando a cada criança
Que me dêem sua proteção
Se eu for assassinada
Nem jardins, nem revoadas,
Só cinzas de civilização
Urge que eu tenha respeito
Pra correr límpida no leito
Para que bata meu co-ra-ção...
Re: releituras 1001
komodore escreveu:Releio as leituras de meu avô e digo estes pequenos versos de sua autoria que para mim, tanto significa:“Dona Morte”
Dona Morte é interesseira,
Surge, sempre, sem ser chamada,
E apesar de andar ligeira
Anda, sempre, atarefada.
Dona Morte, quando vem,
Nunca escolhe ocasião,
Nunca diz nada a ninguém,
Nunca diz se vem ou não.
Dona Morte, é brejeira,
Leviana e atrevida,
E na sua brincadeira
Só quer brincar com a vida.
Rafael, Fevereiro 82
a quem não toca
tens razão é lindo
Re: releituras 1001
Eu não digo que o meu avô é um poeta e tanto? Mete o neto a um canto...
komodore- VIP 1001blogs
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Re: releituras 1001
Está vazio aqui dentro
Não encontro ninguém
nem mesmo eu perdida
Alguma coisa bate ritmado
nem sei de onde vem
Já tive sentimentos
hoje tenho somente fragmetos
que muitos lados têm
Tive meu tempo de comer
e comi de tudo...
Outros tempos de meditar
e nada meditei .....
Estou vazia...
me preencho com poesias
escrevo o que me faz falta
e como palavras ás fatias........
me perco em pensamentos
sem nada encontrar
procuro por todos os cantos
Vasculho minha alma...
Fátima 09-11-10
Não encontro ninguém
nem mesmo eu perdida
Alguma coisa bate ritmado
nem sei de onde vem
Já tive sentimentos
hoje tenho somente fragmetos
que muitos lados têm
Tive meu tempo de comer
e comi de tudo...
Outros tempos de meditar
e nada meditei .....
Estou vazia...
me preencho com poesias
escrevo o que me faz falta
e como palavras ás fatias........
me perco em pensamentos
sem nada encontrar
procuro por todos os cantos
Vasculho minha alma...
Fátima 09-11-10
Re: releituras 1001
qiu escreveu:os dois juntos então
acho que vou comprar um
Vou ter de organizar uma apresentação do livro... mas pena o preço. Enfim..
komodore- VIP 1001blogs
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Re: releituras 1001
tudo tem de ter um preçokomodore escreveu:qiu escreveu:os dois juntos então
acho que vou comprar um
Vou ter de organizar uma apresentação do livro... mas pena o preço. Enfim..
desde que justo
Re: releituras 1001
qiu escreveu:tudo tem de ter um preçokomodore escreveu:qiu escreveu:os dois juntos então
acho que vou comprar um
Vou ter de organizar uma apresentação do livro... mas pena o preço. Enfim..
desde que justo
Sim, nisso tens razão, até porque a minha poesia e a do meu avô não tem preço...
:lol!:
komodore- VIP 1001blogs
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Re: releituras 1001
Eu sei dissokomodore escreveu:qiu escreveu:tudo tem de ter um preçokomodore escreveu:qiu escreveu:os dois juntos então
acho que vou comprar um
Vou ter de organizar uma apresentação do livro... mas pena o preço. Enfim..
desde que justo
Sim, nisso tens razão, até porque a minha poesia e a do meu avô não tem preço...
:lol!:
komodore- VIP 1001blogs
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Re: releituras 1001
Quero dançar
preciso entorpecer-me de música
mas quero música de verdade
para sentir e ouvir
Cansei das músicas eletrônicas
que me mantêm no mesmo lugar
Quero bailar pelo salão
esgotar meu corpo em movimentos
Quero tirar os pés do chão
E colocar a cabeça nas nuvens
rodopiar no ar....cantar
bombardear de vermelho o coração
Quero rosto colado e corpo molhado
invadir o espaço, desligar-me do mundo
Quero o beijo intenso, o olhar misterioso
a música sem fim...
Elzenir Apolinário
preciso entorpecer-me de música
mas quero música de verdade
para sentir e ouvir
Cansei das músicas eletrônicas
que me mantêm no mesmo lugar
Quero bailar pelo salão
esgotar meu corpo em movimentos
Quero tirar os pés do chão
E colocar a cabeça nas nuvens
rodopiar no ar....cantar
bombardear de vermelho o coração
Quero rosto colado e corpo molhado
invadir o espaço, desligar-me do mundo
Quero o beijo intenso, o olhar misterioso
a música sem fim...
Elzenir Apolinário
Re: releituras 1001
Foi na queda da minha meninice,
desaguando na minha juventude,
que me veio à cabeça esta virtude
de te gravar no coração, Alice.
Tu brincavas na areia, ondas salgadas
vinham quebrar-se nos teus pés sem pejo.
Aproveitar meu prematuro ensejo
seria um céu. Perdi nossas pegadas.
Sonho as curvas da praia, as curvas tuas
como o seio nascente que guardavas...
De tantas coisas desejei só duas.
Na noite, as mãos levíssimas de sondas...
E entre séria e risonha te afastavas,
levada docemente pelas ondas.
desaguando na minha juventude,
que me veio à cabeça esta virtude
de te gravar no coração, Alice.
Tu brincavas na areia, ondas salgadas
vinham quebrar-se nos teus pés sem pejo.
Aproveitar meu prematuro ensejo
seria um céu. Perdi nossas pegadas.
Sonho as curvas da praia, as curvas tuas
como o seio nascente que guardavas...
De tantas coisas desejei só duas.
Na noite, as mãos levíssimas de sondas...
E entre séria e risonha te afastavas,
levada docemente pelas ondas.
Re: releituras 1001
A intimidade intimida
pois nem sempre é bela
e raramente é falada
de peito aberto.
A intimidade é para poucos,
é para aqueles que não julgam
e que não destroem
com um olhar a fantasia.
A intimidade intima
à verdade
à dor, à culpa,
ao medo de não ser mais.
A intimidade não perdoa,
pois se intitula real,
traz conflitos, paradoxos,
sonhos esquecidos.
A intimidade se mostra
na despretensão de ser o que se é,
na crueza da alma,
na palavra perdida.
pois nem sempre é bela
e raramente é falada
de peito aberto.
A intimidade é para poucos,
é para aqueles que não julgam
e que não destroem
com um olhar a fantasia.
A intimidade intima
à verdade
à dor, à culpa,
ao medo de não ser mais.
A intimidade não perdoa,
pois se intitula real,
traz conflitos, paradoxos,
sonhos esquecidos.
A intimidade se mostra
na despretensão de ser o que se é,
na crueza da alma,
na palavra perdida.
Re: releituras 1001
Marcas sobre a terra
Augusto Galery
Ele pisou em seus próprios passos, desde sempre. Mas não é como se andasse para trás. Ele andava para frente como qualquer ser humano normal. E no entanto seu andar era mais triste, pois já era conhecido: desde seu nascimento, suas pegadas já estavam marcadas na terra (e no cimento, e no telhado do tio, e furtivas, próximas ao armário de doces). Marcas claras, pegadas registradas e indeléveis, cada marca de sua passagem pela vida impressa a posteriori, deixando-o apenas com a possibilidade de seguir a si próprio.
A primeira coisa que realmente viu, ao sair do ventre da mãe para os braços do obstetra, foi a marca em sangue de seu próprio corpo nos braços do avental verde do médico. Depois, quando enfim engatinhou, quatro rastros podiam ser vistos: as mãos, uma atrás da outra, e o arrastar dos dois joelhos, como duas cobras que se arrastassem lado a lado todo o tempo.
Sua mãe esforçava-se para limpar da casa todas as pegadas a serem ainda andadas por ele. E, no dia em que pegou determinado rastro, ela gritou para o pai: Venha, querido! Ele vai andar pela primeira vez! De fato, próximo à mesa de centro da sala de estar, as marcas mudaram de quatro para dois pezinhos carimbados, hesitantes, que passaram a antecedê-lo, aonde quer que fosse.
Sua vida fora marcada antes de sua chegada, em uma espécie de má sincronia. Aos 8 anos, andando pelo playground, aborrecido por não conseguir sair de suas pegadas, chutou forte a grama. Mas mesmo aquele chute já estava gravado: um rasgo fundo na grama verde. E ele pôde acompanhar a grama brotar do nada, mícrons de segundos após ele passar o pé, milímetro por milímetro. Seu chute havia reparado a marca que antes existia.
Olhou para trás e percebeu que nenhuma pegada o seguia. Deu-se conta que nenhuma de suas marcas havia restado. Seus pés, ao se levantarem, levavam consigo as marcas conhecidas. Nada restava de suas marcas pregressas. Entendeu seu terrível destino: nenhum passado e o futuro traçado.
Aos doze anos, andava pelo mesmo playground, olhando para baixo e vendo as marcas de lágrimas desaparecerem ao serem atingidas pelas lágrimas reais. Como uma espécie de proteção, olhava apenas para o chão, mantendo os olhos bem próximos às pontas de seus pés. Dessa forma, podia se surpreender minimamente se seus pés fizessem uma curva inesperada para, por exemplo, desviar de algum cocô de cachorro no caminho.
Para sua surpresa, notou imediatamente que o próximo passo não estava lá! Nenhuma marca. O mundo sumiu por um instante à sua volta enquanto ele experimentava uma sensação de liberdade completamente desconhecida. Pulou de alegria! Exatamente a tempo de ser atingido nos quadris pelas pernas do menino gordo no balanço... Voou meia légua e caiu, direitinho, na marca profunda deixada no chão de grama por seu bumbum.
Aos 21, notou que as marcas traçadas não eram tão abundantes. Ao sair do elevador, naquele dia, percebeu um único rastro que continuava a subir as escadas. Percebeu suas digitais na porta que levava ao terraço do prédio onde morava. Continuou até perceber as marcas subindo na murada. Durante a queda, viu, 18, 17, 15, 13 andares abaixo, a mancha disforme, espalhada e borrifada, se aproximando, na calçada.
Augusto Galery
Ele pisou em seus próprios passos, desde sempre. Mas não é como se andasse para trás. Ele andava para frente como qualquer ser humano normal. E no entanto seu andar era mais triste, pois já era conhecido: desde seu nascimento, suas pegadas já estavam marcadas na terra (e no cimento, e no telhado do tio, e furtivas, próximas ao armário de doces). Marcas claras, pegadas registradas e indeléveis, cada marca de sua passagem pela vida impressa a posteriori, deixando-o apenas com a possibilidade de seguir a si próprio.
A primeira coisa que realmente viu, ao sair do ventre da mãe para os braços do obstetra, foi a marca em sangue de seu próprio corpo nos braços do avental verde do médico. Depois, quando enfim engatinhou, quatro rastros podiam ser vistos: as mãos, uma atrás da outra, e o arrastar dos dois joelhos, como duas cobras que se arrastassem lado a lado todo o tempo.
Sua mãe esforçava-se para limpar da casa todas as pegadas a serem ainda andadas por ele. E, no dia em que pegou determinado rastro, ela gritou para o pai: Venha, querido! Ele vai andar pela primeira vez! De fato, próximo à mesa de centro da sala de estar, as marcas mudaram de quatro para dois pezinhos carimbados, hesitantes, que passaram a antecedê-lo, aonde quer que fosse.
Sua vida fora marcada antes de sua chegada, em uma espécie de má sincronia. Aos 8 anos, andando pelo playground, aborrecido por não conseguir sair de suas pegadas, chutou forte a grama. Mas mesmo aquele chute já estava gravado: um rasgo fundo na grama verde. E ele pôde acompanhar a grama brotar do nada, mícrons de segundos após ele passar o pé, milímetro por milímetro. Seu chute havia reparado a marca que antes existia.
Olhou para trás e percebeu que nenhuma pegada o seguia. Deu-se conta que nenhuma de suas marcas havia restado. Seus pés, ao se levantarem, levavam consigo as marcas conhecidas. Nada restava de suas marcas pregressas. Entendeu seu terrível destino: nenhum passado e o futuro traçado.
Aos doze anos, andava pelo mesmo playground, olhando para baixo e vendo as marcas de lágrimas desaparecerem ao serem atingidas pelas lágrimas reais. Como uma espécie de proteção, olhava apenas para o chão, mantendo os olhos bem próximos às pontas de seus pés. Dessa forma, podia se surpreender minimamente se seus pés fizessem uma curva inesperada para, por exemplo, desviar de algum cocô de cachorro no caminho.
Para sua surpresa, notou imediatamente que o próximo passo não estava lá! Nenhuma marca. O mundo sumiu por um instante à sua volta enquanto ele experimentava uma sensação de liberdade completamente desconhecida. Pulou de alegria! Exatamente a tempo de ser atingido nos quadris pelas pernas do menino gordo no balanço... Voou meia légua e caiu, direitinho, na marca profunda deixada no chão de grama por seu bumbum.
Aos 21, notou que as marcas traçadas não eram tão abundantes. Ao sair do elevador, naquele dia, percebeu um único rastro que continuava a subir as escadas. Percebeu suas digitais na porta que levava ao terraço do prédio onde morava. Continuou até perceber as marcas subindo na murada. Durante a queda, viu, 18, 17, 15, 13 andares abaixo, a mancha disforme, espalhada e borrifada, se aproximando, na calçada.
Re: releituras 1001
Da morte - O banquete final
Ana Paula Sabbag
Interessante como a palavra Morte causa espanto no ser vivo. Ao leve pronunciar da dita cuja, uma enxurrada de interjeições se espalha nos rostos banhados de terror: "Cruz credo! Deus me livre! Longe de mim!". Sem contar os mais supersticiosos que procuram madeira para dar três batidinhas e, na falta dela, até cabo de vassoura serve para vingar a simpatia.
Hoje, eu resolvi desafiar a safada. Sim. Falar da atrevida e das nuances que adquiriu em nossa viva, robusta e cada vez mais saborosa Língua Portuguesa. Pode até ser que nós, os glutões desse idioma, não tenhamos um cardápio de vida muito diversificado em conforto, cultura, saúde e lazeres, mas, com certeza, a nossa morte é bem mais apetitosa que a dos países de Primeiro Mundo e nosso menu é farto.
O termo morrer é o mais usado. E o mais sinistro. Aos mais educados e sensíveis, portadores de paladar refinado, a notícia ruim é sempre amenizada pelo eufemismo insosso, acompanhado, naturalmente, do cínico diminutivo ou adjetivos adocicados. São as pessoas ideais para dar notícia de falecimento a cardíacos e afins: "minha senhora, sua mãezinha entregou a alma a Deus". "Sua querida e estimada mãezinha partiu dessa para melhor". Com certeza, até a pessoa processar que a genitora bateu as botas, irá dar um bom tempo para que não caia durinha também, fazendo companhia à mãe no mesmo caixão.
Há os degustadores da nova linguagem, o pessoal mais descontraído, que entorna litros de coca-cola com sanduíches de carne bovina duvidosa. Faz da vida uma eterna piada e, da morte, a piada fatal: " ô, dona, sua veia pipocou". "Baranga, queimou a bateria de sua véia". "Psiu, coroa, sua veia tá olhando, agora, pro teto preto". "Pô, cara, tua mãe tá olhando o dedão do pé".
Há, ainda, os mais circunspetos, os cartesianos, que, até na hora do esticar das canelas alheias, procuram encontrar a palavra certa, como se saboreassem o trivial sem variações. Jamais se submetem ao ridículo. Comportam-se bem à mesa: "minha senhora, sua mãe faleceu de morte morrida".
Não poderia me esquecer dos esotéricos, os que tentam atenuar a comida muito salgada com pitadas de adoçante. Sempre têm um remedinho para as desesperanças alheias. Geralmente dito em voz baixa e suave, transformam o pesado momento de dor numa refeição light. Como se tomassem sopa sem fazer ruído: "querida irmã, sua mãe biológica e amiga eterna desencarnou".
Em oposição, há os que mastigam alto, palitam os dentes em público, arrotam sem inibição. Dotados de certa dose de sadismo apimentado, são os que acendem o fogão na última ceia e, toda vez que podem, não perdem a oportunidade de tornar a chama cada vez mais alta: "minha senhora, sabe... bem... de fato... sua digna mãe, aquela, a quem todos conheciam, de tanto beber, está, digamos..., agora, sentada no colo do capeta".
Ia-me esquecendo dos entendidos em Informática. Esses, criadores de novos e estranhos cardápios, mestres-cucas do neologismo cibernético, como não têm tempo para saborear a vida, limitam-se a pronunciar estranhas e rápidas palavras na derradeira refeição : "ei, deletaram sua mother da face da Terra". "Brother, sua mãe deu pau. Não tem como reformatar!". "Mano, um vírus muito conhecido crackeou seu HD C:\familia e apagou o arquivo mamae.doc".
A bem da verdade, e se é que se pode escolher — quando chegar a minha hora de juntar os cambitos, pretendo expirar rodeada de prantos sinceros, batendo a caçoleta, sorrindo, deixando filhos e netos, que, provavelmente, irão dizer, em meu banquete final : "que massa, a vó virou comida de minhoca!" E que eu seja mais um adubo nesta terra jamais falecente, e que alguém, muito querido, possa abotoar-me o paletó que não tive em vida.
Ana Paula Sabbag
Interessante como a palavra Morte causa espanto no ser vivo. Ao leve pronunciar da dita cuja, uma enxurrada de interjeições se espalha nos rostos banhados de terror: "Cruz credo! Deus me livre! Longe de mim!". Sem contar os mais supersticiosos que procuram madeira para dar três batidinhas e, na falta dela, até cabo de vassoura serve para vingar a simpatia.
Hoje, eu resolvi desafiar a safada. Sim. Falar da atrevida e das nuances que adquiriu em nossa viva, robusta e cada vez mais saborosa Língua Portuguesa. Pode até ser que nós, os glutões desse idioma, não tenhamos um cardápio de vida muito diversificado em conforto, cultura, saúde e lazeres, mas, com certeza, a nossa morte é bem mais apetitosa que a dos países de Primeiro Mundo e nosso menu é farto.
O termo morrer é o mais usado. E o mais sinistro. Aos mais educados e sensíveis, portadores de paladar refinado, a notícia ruim é sempre amenizada pelo eufemismo insosso, acompanhado, naturalmente, do cínico diminutivo ou adjetivos adocicados. São as pessoas ideais para dar notícia de falecimento a cardíacos e afins: "minha senhora, sua mãezinha entregou a alma a Deus". "Sua querida e estimada mãezinha partiu dessa para melhor". Com certeza, até a pessoa processar que a genitora bateu as botas, irá dar um bom tempo para que não caia durinha também, fazendo companhia à mãe no mesmo caixão.
Há os degustadores da nova linguagem, o pessoal mais descontraído, que entorna litros de coca-cola com sanduíches de carne bovina duvidosa. Faz da vida uma eterna piada e, da morte, a piada fatal: " ô, dona, sua veia pipocou". "Baranga, queimou a bateria de sua véia". "Psiu, coroa, sua veia tá olhando, agora, pro teto preto". "Pô, cara, tua mãe tá olhando o dedão do pé".
Há, ainda, os mais circunspetos, os cartesianos, que, até na hora do esticar das canelas alheias, procuram encontrar a palavra certa, como se saboreassem o trivial sem variações. Jamais se submetem ao ridículo. Comportam-se bem à mesa: "minha senhora, sua mãe faleceu de morte morrida".
Não poderia me esquecer dos esotéricos, os que tentam atenuar a comida muito salgada com pitadas de adoçante. Sempre têm um remedinho para as desesperanças alheias. Geralmente dito em voz baixa e suave, transformam o pesado momento de dor numa refeição light. Como se tomassem sopa sem fazer ruído: "querida irmã, sua mãe biológica e amiga eterna desencarnou".
Em oposição, há os que mastigam alto, palitam os dentes em público, arrotam sem inibição. Dotados de certa dose de sadismo apimentado, são os que acendem o fogão na última ceia e, toda vez que podem, não perdem a oportunidade de tornar a chama cada vez mais alta: "minha senhora, sabe... bem... de fato... sua digna mãe, aquela, a quem todos conheciam, de tanto beber, está, digamos..., agora, sentada no colo do capeta".
Ia-me esquecendo dos entendidos em Informática. Esses, criadores de novos e estranhos cardápios, mestres-cucas do neologismo cibernético, como não têm tempo para saborear a vida, limitam-se a pronunciar estranhas e rápidas palavras na derradeira refeição : "ei, deletaram sua mother da face da Terra". "Brother, sua mãe deu pau. Não tem como reformatar!". "Mano, um vírus muito conhecido crackeou seu HD C:\familia e apagou o arquivo mamae.doc".
A bem da verdade, e se é que se pode escolher — quando chegar a minha hora de juntar os cambitos, pretendo expirar rodeada de prantos sinceros, batendo a caçoleta, sorrindo, deixando filhos e netos, que, provavelmente, irão dizer, em meu banquete final : "que massa, a vó virou comida de minhoca!" E que eu seja mais um adubo nesta terra jamais falecente, e que alguém, muito querido, possa abotoar-me o paletó que não tive em vida.
Re: releituras 1001
Diário da Nossa Paixão,
Nicholas Sparks
"Volta. Olha-me mais uma vez, dá-me só mais um abraço, beija-me por um segundo que seja. Sorri-me em toda a nossa cumplicidade, mostra-me de novo esse paraíso no teu olhar. Enfeitiça-me ainda com esse perfume só teu, queima-me com os arrepios do teu toque. Faz-me rir, faz-me chorar, faz-me querer partir e não ir. Agarra-me, só para me largares no instante seguinte. Ri-te, chora - mas ri-te e chora comigo. Traz-me de novo sonhos pintados no céu, dá-me só mais uma vez a lua daquela noite, regressa para um único amanhecer apenas.
Odeia-me, ama-me; permite-me amar-te, odiar-te, sentir todo um turbilhão demente de emoções. Ignora-me, ouve-me, desaparece e chama-me. Traz-me essa tua voz tímida só mais uma vez. Esquece-me, não me ames... mas volta. Volta."
Nicholas Sparks
"Volta. Olha-me mais uma vez, dá-me só mais um abraço, beija-me por um segundo que seja. Sorri-me em toda a nossa cumplicidade, mostra-me de novo esse paraíso no teu olhar. Enfeitiça-me ainda com esse perfume só teu, queima-me com os arrepios do teu toque. Faz-me rir, faz-me chorar, faz-me querer partir e não ir. Agarra-me, só para me largares no instante seguinte. Ri-te, chora - mas ri-te e chora comigo. Traz-me de novo sonhos pintados no céu, dá-me só mais uma vez a lua daquela noite, regressa para um único amanhecer apenas.
Odeia-me, ama-me; permite-me amar-te, odiar-te, sentir todo um turbilhão demente de emoções. Ignora-me, ouve-me, desaparece e chama-me. Traz-me essa tua voz tímida só mais uma vez. Esquece-me, não me ames... mas volta. Volta."
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